Multidão celebra a Oitava de Corpus Christi em Cusco com fé, cor e tradição andina

 

                    A cidade de Cusco viveu mais um momento de profunda devoção e identidade cultural com a celebração da Oitava de Corpus Christi, realizada na quinta-feira, 26 de junho. A festividade, que marca o retorno das imagens dos santos e virgens padroeiros à Catedral de Cusco, encerrou oficialmente o ciclo das celebrações de Corpus Christi, considerado um dos eventos religiosos mais significativos do calendário andino-católico.

        

    Milhares de pessoas, entre moradores, fiéis e turistas de diferentes partes do mundo, lotaram as ruas do centro histórico para acompanhar a tradicional procissão que percorreu a emblemática Plaza de Armas. Ao todo, 15 imagens sagradas das paróquias de Cusco participaram da celebração, sendo carregadas em andores ricamente decorados, ao som de bandas locais e rodeadas por grupos de dançarinos com trajes típicos.

        

                A Oitava, conhecida localmente como “Retorno dos Santos”, acontece sempre uma semana após o Corpus Christi e tem grande importância simbólica para o povo cusquenho. As imagens retornam à Catedral em um ritual que mescla elementos da fé católica com tradições ancestrais andinas. Durante o percurso, é possível ver expressões de sincretismo religioso, como oferendas florais, folhas de coca e danças cerimoniais que remontam ao tempo do Império Inca.

               

                A Municipalidad Provincial del Cusco estimou a presença de mais de 55 mil pessoas durante a semana de festividades, com destaque para o fluxo de turistas nacionais e estrangeiros. A segurança foi reforçada com a presença de mais de 600 agentes municipais, e não foram registrados incidentes graves.

                Para muitos, a Oitava de Corpus Christi deste ano reafirmou a força da fé popular e o orgulho de um povo que, século após século, continua a preservar uma das tradições mais autênticas da América Latina.

“É uma celebração que nos conecta com nossos avós, com nossa história e com nossa espiritualidade. Para o povo de Cusco, os santos são parte da nossa família”, comentou Juana Quispe, moradora do bairro de San Blas, que participa da festa desde a infância.