Mães falam da experiência de viajar com seus filhos e as dificuldades que encontram



                    Sempre gostei muito de viajar, posso inclusive falar que esse hábito foi facilmente herdado da minha mãe, Bernadete, que sempre amou uma viagem. Nem que essa trip fosse apenas para uma cidade vizinha, mamis, como a chamo, sempre adorou um rolê. 

      

     As melhores viagens da minha infância foram feitas ao seu lado. Ela tem outros dois filhos (risos), mas pelo fato de termos vivido um tempinho separados, era como se eu fosse recompensado por estar ali com ela, sozinho. 

            Ir para Ilhéus na Bahia com ela, era um sonho.

             Não precisávamos fazer nada, apenas estar lá. Para ela, a viagem era de trabalho, para mim, resgate do tempo que passei longe. 

          Óbvio que fizemos outras viagens, como mostra a foto acima, em Aparecida, São Paulo. Mas foi lá na infância, a que mais me marcou e me despertou uma paixão surreal por Ilhéus. 

            Viajar é criar memórias afetivas


            E viajar é isso é criar memórias, construir laços, permite se conhecer e conhecer o outro, produzir experiências. 
            São momentos que serão guardados para sempre e que jamais serão apagados, como dizem algumas de nossas entrevistas.
             Eu guardo muitos bons momentos de viagens. 
             A primeira viagem do meu sobrinho, que também é meu afilhado, eu estava lá. Era a primeira vez que minha irmã, viajava com o filho, que tinha pouco mais de dois meses de vida. Uma viagem relativamente longa, feita de trem, cheia de incertezas e inseguranças de uma etapa na vida dela, ser mãe. 

          
     
"Minha primeira viagem com meu filho, Erick, foi cercada de medos. Mas também muito prazerosa. Medo porque ele era novinho, tinha apenas 3 meses e tive muito medo dele estranhar. Apesar de que ele sempre foi um bebê tranquilo. Era um grande sonho levá-lo para a cidade onde eu vivi e que amo (Ipatinga - MG). Levei a muitos lugares para que o conhecessem e foi bom de uma certa forma, porque foi lá que eu descobri que meu leite não o sustentava e talvez fosse esse o motivo do choro fora de casa. Na chegada (Vila Velha) comecei uma luta, para adaptar uma alimentação diferente e uma forma de alimenta-lo no peito. Foi super boa essa viagem, eu amei". Lembra Rosiane Ribeiro

            Para alguns filhos, pode parecer meio entediante ou antiquado como diz a psicóloga Priscila Oliver, para outros pode ser vergonhoso, fazer uma viagem com a mãe. Mas essa experiência pode trazer benefícios para ambos. 

            "Viajar com a mãe pode soar algo chato para muitos! Entretanto, saiba que essa crença está ultrapassada! Dependendo da companhia da viagem você precisará se adaptar aos momentos que serão vividos por alguém diferente de você. Com sua mãe, essa adaptação é bem menor, porque ela te conhece bem e vice-versa. Sem contar as lembranças que construirão juntos (as) através desse passeio (fotos e filmagens) e ficarão marcados para todo sempre". 


            Falar de mãe é sempre muito emocionante. 
            Sempre me emociono quando falo e relembro as viagens que fizemos juntos e as histórias que temos para contar. 
            Mas e elas? 
            Quais histórias as mamães guardam de suas viagens com seus filhos e quais as dificuldades que elas encontram?
            E as mães que tem filhos especiais? 
            Já pensou no que elas passam, nas dificuldades que elas têm ao se locomover e na maioria das vezes não encontram hospedagens adaptadas?
           A atriz Priscila Menucci, além de nos contar sobre sua viagem mais marcante ao lado da família, frisou que nunca deixou de se divertir, pela falta de adaptação do setor turístico, mas menciona sobre a falta de estrutura. 
            Priscila, os dois filhos, Pedro Henrique e João Paulo, além do marido, Leonardo Colen, são portadores do nanismo. A atriz, ex-integrante do humorístico 'A Praça é Nossa', fala sobre a dificuldade e elege a cidade de Ilhéus, como uma de suas viagens preferidas ao lado da família. 

            "Ir para Ilhéus foi uma das viagens mais significativas, pois foi onde meu mais velho (Pedro Henrique) viajou de avião. Foi uma aventura na saída de casa para o aeroporto. Fomos na madrugada, imagina, duas crianças pequenas, sendo uma que ainda tinha seis meses"
           Pri Menucci se diverte relembrando o excesso de bagagens e utensílios que levou neste passeio. "Eram malas, carrinho, aí em meio de mamadeiras e fraldas", (risos). 
            Mas infelizmente, para uma família onde todos os integrantes têm nanismo, viajar pode ser uma barreira. 
            E esse estorvo já começa no aeroporto. 
            "No aeroporto nada é muito adaptado. Então nós como uma família de pessoas com nanimo, a dificuldade é um pouquinho maior. Para fazer o check-in até que foi fácil, o despachar das malas razoável. Até que nos viramos bem no aeroporto, só que a distância no embarque é longa e quando no avião é escada com um bebê de colo, fica mais difícil. Mas nada que impeça nossa diversão"
            Menuci como outra entrevistada, mãe de duas crianças especiais, comenta sobre os hotéis, que apesar da lei '13.146', de 2015, onde estabelece que hotéis, pousadas e afins, se adaptem até 2018. Continuam desrespeitando, sem cumprir.  A maioria das hospedagens brasileiras, não são adaptadas para nenhuma deficiência. 
            "Nos hotéis quase não tem adaptação, pois cada deficiência tem seus detalhes. Me viro bem com os chuveiros e pias. Pois sempre peço banco antes de ir para os quartos ou escadinha. Aí eles arrumam. E quanto as crianças, bem tranquilo, eles levam numa boa e também se viram bem. Na hora do café da manhã, se meu marido não está nos acompanhando, sempre tem alguém do hotel para nos auxiliar. E quando vamos turistar pela cidade é até engraçado porque as pessoas olham, disfarçam, mas comentam 'nossa que família bonita'. Ainda bem", (risos). 
            Priscila só deixa de ir em algum lugar com os filhos e o marido, quando esse local deixa de ter acessibilidade para eles. 
            "Quando a fechadura do quarto do hotel não alcanço, pego sempre o cesto de lixo que fica nos corredores e subo em cima. Pronto resolvido. Não vou ficar sem me divertir por não ter acessibilidade nas áreas turísticas". 

            E acessibilidade é outro tormento para a Flávia, lá de 'Feira de Santana', na Bahia. Flávia tem dois filhos especiais. 
            Falar sobre a falta de acessibilidade no BRASIL É UM ABSURDO, PORQUE SÃO MAIS DE 45 MILHÕES DE PESSOAS COM ALGUMA DEFICIÊNCIA (FONTE - IBGE 2019). 
            "A maior dificuldade que encontramos são de locais adaptados. E de um olhar mais voltado aos especiais". Flavia revelou que as viagens com os filhos acontecem de carro e que geralmente são feitas à casa de familiares. "Fazemos viagem de carro e normalmente vamos para a casa de familiares, hotel nunca levamos ele (Yurinho), É difícil você conseguir fazer malabarismo para conseguir realizar o mínimo, que no caso seria, banho, alimentação, etc. Muitos locais que vamos tem programações que precisamos ficar em casa". 
           Quando o assunto foi uma viagem inesquecível, Flavia elege, a primeira vez que o filho mais novo, Yurinho, conheceu o mar. 
            "Uma viagem marcante em nossas vidas, foi quando ele conheceu a praia pela primeira vez. Foi a imagem mais linda que eu já vi na vida", recorda.


            O dia a dia, o corre-corre ou a falta de dinheiro geralmente são dados como desculpa da maioria das famílias para deixar de fazer uma viagem. Claudiana Theodoro, de Itaguaçu no Espírito Santo,  mostrou-se saudosista ao responder o blog sobre viajar com seus filhos. 
            
        "Para falar a verdade, tem anos que eu não viajo com eles. Última vez fomos a Santa Maria, visitamos pontos turísticos. Foi muito bom! Poxa deu saudades agora! Coisa simples, mas foi muito bom!". 

                O relato da capixaba entra de acordo com uma pesquisa do IBGE de 2019, onde mostra que apenas duas em cada dez famílias brasileiras, viajam juntas.  
                Mas viajar não é só deixar seu estado. 
                A viagem como citou Claudiana, pode ser simples, pode ser na cidade vizinha ou para a casa de parentes como mencionou Flávia. 
                O benefício não importa onde é, será enorme. 
                E juntos, terão histórias para contar. 

            "A viagem que eu mais me lembro em família. Eu, meu marido e minha filha, foi uma viagem que nós fizemos para a Argentina". 

    
        "Foi uma maravilha! Foi a viagem que mais lembro. Só nos 3, aquele frio, era tudo muito novo pra nós. As coisas bem acessíveis. A gente não teve dificuldade nenhuma. Quatro graus sabe? Foi muito top! Foi a viagem que eu mais me recordo", contou a empresária Lecir de Souza, moradora de Varzea Grande, Mato Grosso. De acordo com ela, o frio, por não estarem acostumados, foi o maior desafio que encontraram. 
         "Por mais que faça frio (Brasil), não é nem parecido, né? Mas nem por isso, ficamos na cama não. Nós passeamos todos os dias, nós tiramos muitas fotos, fomos conhecer Tigre, vários lugares na Argentina, foi maravilhos!"

            Viajar também requer segurança e nesse caso, algumas mães como a empresária Alice Doriva Zanoti, não abrem mão e prezam e  por ela. 
            
  
   
   "Minha viagem com meu filho ou é em Cachoeiro (Itapemim - Espírito Santo), ou Guandu (Espírito Santo). Dificuldade é com a cadeirinha em questão de espaço e também se torna uma prioridade de segurança. 



            Antes da pandemia a desculpa da maioria das famílias em realizar uma viagem era a falta de tempo ou gasto. Hoje muitas famílias perdendo entes queridos para o Covid,  começam a projetar o futuro com planos de momentos a sós em família

            "Viajei muito pouco com minha mãe e antes dela falecer (Covid), antes de ser entubada, ela disse inclusive, que podíamos ter feito mais viagens juntas e meu irmão. Ter passado mais momentos entre nós. Que não valeu tanta dedicação ao trabalho, com pouco tempo juntos. Hoje eu já estou aqui fazendo planos, sabe? Não vou me permitir ter o mesmo erro com minha filha. Já falei para meu marido, todo ano, nem que seja pelo menos uma vez no ano, vamos viajar. E se ele não for, ele vai ficar, porque eu e ela iremos. Quero construir laços com ela, entende? Quero que ela tenha histórias para contar".  Relata a empresária Isabelle Goulart do Rio de Janeiro. 

            A psicóloga Priscila Oliveira, menciona sobre esses bons momentos e que eles podem impactar diretamente em nossa saúde. 

            "Ultimamente vivemos todos com muitos afazeres. Uma viagem com os pais pode ser uma forma de encontrarmos um momento para descanso, diversão e de ter ao nosso lado, quem nos importa. Podemos dizer que seria uma forma de agradecer por tudo e se fazer presente. Isso certamente impactará no estado de humor e reverberar na saúde imunológica". 


            A pedagoga Gil Teixeira de Vila Velha, no Espírito Santo falou sobre a última viagem que fez ao lado da família no feriado de 7 de setembro de 2020. Gil escolheu uma pousada com tema africano e a escolha, em Búzios no Rio de Janeiro, deu-se também pela historicidade. 
            "Dentro da pousada tem vários objetos de cultura, tem imagens e esculturas que vieram da África. O hotel é todo decorado com essas imagens". 
            A história da cidade, despertou atenção dela e da família. "Gostei também da história de Búzios, falando a orla, de Bardot (Brigitte), muito interessante, a igreja". Quando o assunto é empecilho, para a maioria das mães, hospedagem se torna um pesadelo. "A maior dificuldade em viajar com eles é hospedagem. Nem todo hotel, nem toda pousada aceita criança. E também não tem quarto ou cama dupla para colocar as crianças, não tem berço. É bem complicado. Íamos fazer uma viagem para Jeri (Jericoacoara) e o hotel não aceitava crianças. Só aceita se ela tiver, doze ou treze anos"
           Os valores cobrados integralmente de crianças em passeios também é uma reclamação da capixaba, que deixou de realizar alguns na cidade carioca, por conta do valor cobrado abusivamente. 

            E parece que o fator historicidade do lugar escolhido, conta muito para algumas mamães, tornando-se um agente preponderante na escolha do destino. É o que mostra a mineira, Mauriceia Djalma

            "Alemanha-Berlim, me marcou muito, pela história de Hitler e pela construção, muito lindo! O muro de Berlim e visitamos vários museus". 



            Mauriceia diz que nunca encontrou dificuldade em viajar com a filha, Ana Carollini, que está atualmente estudando para se tornar, comissária de bordo. 
        E que segurança e tranquilidade são sinônimos para uma boa viagem. 

            A professora Vanessa Barbosa, da cidade de Viana, no Espírito Santo, menciona sobre o que lhe faz escolher um bom roteiro para viajar com suas filhas. 

            "Comodidade. Lugares para visitar, coisas diferentes que não encontro no dia a dia. Quero relaxar, passear, aproveitar. Lugares bonitos para ver". E adverte: "E também comida boa, que não pode faltar". 

                E não pode faltar mesmo, como também não podem faltar, boas lembranças, não é mesmo Adriana? 

                "Viajar com eles é sempre minha prioridade. EU me sinto mais feliz quando estou com eles, são memorias que estamos construindo, que estamos guardando e que não vão apagar jamais". 

                E se você ainda tem dúvida sobre viajar com sua mãe, a psicóloga, aconselha. 
                "Considere viajar com seus pais e se permita a viver esse momento incrível e memorável". 

                                                                            Feliz dia das mães!
                                                     Viaje mais!
                                                        Ame mais!!!
                                                                             Roger Ribeiro

                                                                                    

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Twitter      - @OfcRogerRibeiro







Comentários

Anônimo disse…
É bom inconcebível mesmo que em plenos 2021, ainda temos pouca acessibilidade para pessoas com alguma deficiência, uma vergolha
Anônimo disse…
Gostei desse blog parabéns
Anônimo disse…
❤️

Vai dar um rolê pense na gente, compre sua passagem aqui e vai de buser

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